É durante o crescimento que crianças e adolescentes desenvolvem habilidades motoras, de linguagem, o pensamento abstrato, aprendem a adiar recompensas imediatas em função de resultados futuros mais consistentes e a capacidade de resolução de problemas para se tornar mais competentes para
poder lidar com a vida adulta.
E é também durante a infância e adolescência que as pessoas se desenvolvem emocionalmente. A capacidade de lidar com frustrações, medos e sofrimento emocional, diferenciar fantasia da realidade concreta, se socializar, entre outras, são algumas das habilidades emocionais que aprendemos. As competências socioemocionais são essenciais para que nos tornemos saudáveis psiquicamente conseguindo atingir nossos objetivos ao longo da vida.
Para que possamos nos desenvolver seja no aspecto físico, cognitivo ou emocional é fundamental que tenhamos um ambiente saudável, rico em estímulos positivos e protegido (na medida do possível do possível) de estressores graves.
Nesse sentido, é importante que medidas de proteção que visem garantir a saúde mental das crianças e adolescentes sejam adotadas. Inicialmente cabe aos pais esse papel, seguindo pelos professores, família estendida e sociedade.
Mas como podemos proporcionar cuidados precoces à saúde mental de crianças e adolescentes, visto que eles muitas vezes podem se expor a situações prejudiciais pela imaturidade e incapacidade de avaliar riscos?
Certamente, não podemos colocá-los em uma redoma de vidro protegendo-os de todas as situações de risco. Além de ser algo impossível, isso não permitiria que essas crianças e adolescentes amadureçam e desenvolvam recursos emocionais.
Por outro lado, protegê-la de experiências de grave impacto emocional como violência, abusos e negligência são medidas ativas que adultos próximos podem realizar.
A seguir discutiremos algumas intervenções importantes que pais, familiares e educadores podem utilizar para promover a saúde mental na infância e adolescência.
1) CRIE UM AMBIENTE ESTIMULANTE – tanto em casa como na escola é importante que haja estímulo o desenvolvimento saudável. Estimule que a criança interaja e participe dos eventos sociais e das atividades criadas pela família. Estamos na época do Natal e agora é um bom exemplo de como incluir a criança na organização da festa desde a preparação da casa, armando o presépio e do preparo da ceia. A criança se sente importante quando participa. Certamente que o trabalho ficará maior já que a criança pode muitas vezes mais “atrapalhar” do que ajudar em um primeiro momento. Mas na medida em que a criança cresce essa atividade passa ser incorporada por ela é possível que se torne uma importante fonte de ajuda para a realização de comemorações posteriores. O mesmo deve ser proposto ao longo do ano quando a família se reunir para alguma comemoração como o dia dos pais e das mães, Páscoa ou aniversário. Isso é válido para qualquer família com qualquer tradição. Participar da preparação de eventos familiares transmite a história da família, traz integração, melhora a comunicação, além de gerar o sentimento de pertencimento.
Na escola também é importante que a criança seja estimulada a participar da preparação das festas que ocorrerão ao longo do ano, bem com as festas de fim de ano. Uma criança que participa se sente integrada e estimulada.
2) MELHORAR A COMUNICAÇÃO – é importante estimular que a criança e adolescente fale o que sente, o que o incomoda e aquilo que deseja. Permitir que as crianças e adolescentes se expressem melhorará a
compreensão delas próprias dos seus sentimentos, desejos e ambivalências.
Falar sobre o que se sente é muito importante para que você consiga compreender quem é o seu filho e como ele se vê e com se percebe dentro da família.
3) ESTABELEÇA REGRAS E LIMITES – uma importante forma de a criança desenvolver o senso de responsabilidade e aprender a controlar seus impulsos e desejos é conhecer regras e limites. Inicialmente dentro do ambiente familiar e posteriormente no ambiente ampliado como a casa de familiares, amigos eescola. As regras e limites precisam se estabelecidas com coerência e calma e sempre que não forem cumpridas deve se estabelecer consequências que não devem ser confundidas com punições, pois a consequência educa e a punição gera ressentimento e insegurança, principalmente quando é colocada com raiva pelos adultos.
As regras e limites tornam as crianças mais reguladas e seguras, pois elas sabem o que os adultos esperam delas.
4) ENTENDA COMO O SEU FILHO FUNCIONA – cada criança possui um temperamento próprio que é a forma de reagir aos estímulos do ambiente e que está presente desde o início da vida. É a partir do
temperamento e das experiências é que irá se desenvolver a personalidade da criança e que será o seu jeito de ser na vida adulta.
Algumas crianças são calmas e tranquilas, outras são mais raivosas e reativas. Com cada tipo de criança é preciso ter um determinado tipo de manejo para cada situação. Isso não é um processo simples de se entender e muitas vezes é necessários que os pais recebam orientações específicas de terapeutas e psicólogos.
Não saber como agir não deve ser algo que os pais devam se envergonhar, mas sim algo que deve ser assumido como uma realidade.
Lembre-se, ninguém é igual a ninguém mesmo quando convivemos no mesmo ambiente.
5) BUSCAR AJUDA QUANDO FOR NECESSÁRIO – existem situações que fogem ao padrão, pois há sinais precoces de adoecimento mental. Crianças que se mostram mais desreguladas emocionalmente, que apresentam dificuldade para se socializar ou para ter o controle sobre o comportamento pode indicar a necessidade de avaliação especializada de um psicólogo ou psiquiatra infantil para se possa avaliar se esses sinais podem indicar algum quadro específico.
Priorizar o desenvolvimento da saúde mental na infância e adolescência terá impacto não só sobre a qualidade de vida dessas crianças e adolescentes, mas também na vida adulta e também no cuidado das futuras gerações. Crianças que crescem saudáveis se tornam adultos melhores e conseguem desenvolver
a parentalidade mais adequada.