Por mais que a mania de organização muitas vezes seja imediatamente interpretada como transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), ter esse comportamento não quer dizer necessariamente que alguém sofre desse transtorno. Para que o TOC seja diagnosticado, é preciso que uma obsessão seja acompanhada de uma compulsão equivalente.
Mania de organização pode não indicar TOC mesmo sendo obsessão
“Organizar as coisas por cores é sinal de que uma pessoa é organizada ou, no máximo, possui traços anancásticos ou obsessivos. Isso seria um traço de personalidade”, afirma o psiquiatra Miguel Angelo Boarati. Ou seja, mesmo que esse forte desejo por arrumação seja considerado uma obsessão, não se falará em TOC caso uma compulsão não se desenvolva em sequência.
A mania por arrumação pode até ser exagerada no ponto de se pensar em procurar uma ajuda para ficar mais flexível e viver mais relaxado, mas ainda assim não é necessariamente um sintoma de TOC. “Quando a organização tem uma função precisa e necessária, pode ser até desejável. O problema é quando ela foge do controle. Aí pode ser um indício que precise ser melhor explorado”.
Características que determinam o diagnóstico de TOC
O TOC envolve a presença de pensamentos intrusivos de ordem, limpeza, autorregras que a pessoa não consegue controlar, por mais que tente. A partir daí ela desenvolve rituais para eliminar esses pensamentos. Normalmente são pensamentos sem função ou que geram muito sofrimento e gasto de tempo.
“Para que haja de fato o TOC, devem estar em jogo pensamentos e atos mentais intrusivos (obsessões) que a pessoa não consegue controlar e que levam ela a ter comportamentos compulsivos para aliviar as obsessões. São comportamentos variáveis e que vão em um crescente ao longo dos anos, passando a fazer parte da vida da pessoa (ela gasta muito tempo do seu dia nos rituais)”, esclarece o especialista.