O transtorno do espectro autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a maneira como uma pessoa percebe e interage com o mundo ao seu redor. Caracteriza-se por dificuldades na comunicação e interação social, padrões restritos e repetitivos de comportamento e interesses, além de sensibilidades sensoriais.
Crianças com TEA podem apresentar desafios em áreas como linguagem e comunicação, interação social, habilidades motoras, comportamento e processamento sensorial. No entanto, cada pessoa com TEA é única, com suas próprias forças, interesses e desafios.
O diagnóstico do TEA é bastante complexo, devendo ser realizado por uma equipe especializada. Inicia-se pela avaliação clínica do psiquiatra infantil ou neuropediatra, seguido pela avaliação psicológica, fonoaudiológica, da terapia ocupacional, psicomotora e de outros profissionais. Cada profissional avaliará aspectos específicos do quadro que deverão ser analisados em equipe. Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, melhores serão as oportunidades de intervenção efetiva e apoio.
O suporte e o tratamento para crianças com TEA podem incluir intervenções comportamentais, na área da linguagem, aprendizagem, sensorial e motora, entre outras. É importante uma abordagem individualizada que leve em consideração as necessidades específicas da criança e ofereça suporte abrangente, tanto em casa quanto na escola.
Importância da família na vida de crianças com TEA
A inclusão e a aceitação da criança autista pela sociedade são essenciais. A conscientização e a educação sobre o TEA podem ajudar a criar ambientes mais inclusivos, onde as crianças podem se desenvolver e se sentir valorizadas. Nesse contexto, a família tem um papel importantíssimo na vida dessas crianças.
A compreensão e aceitação por parte da família são essenciais. Os membros da família devem buscar entender as características e necessidades específicas do autismo e adaptar suas interações e comunicação de acordo.
Isso envolve ser paciente, usar linguagem clara e direta, e estar atento às preferências individuais da criança.
O apoio emocional é fundamental para uma criança autista. Os pais e irmãos devem estar disponíveis para ouvir, oferecer conforto e incentivar a expressão emocional da criança.
Além disso, a inclusão da criança autista em atividades familiares é benéfica. Participar de eventos familiares, passeios e brincadeiras pode fortalecer os laços familiares e proporcionar oportunidades de interação social e aprendizado para a criança.
É importante adaptar as atividades de acordo com as habilidades e interesses da criança, garantindo que ela se sinta confortável e envolvida.
Outra forma em que a família pode influenciar positivamente a vida de uma criança autista é através do estabelecimento de rotinas consistentes e estruturadas. A previsibilidade do ambiente familiar pode ajudar a criança a se sentir segura e reduzir a ansiedade.
Isso pode incluir horários regulares para refeições, atividades diárias e momentos de descanso.
Cotidiano familiar e autismo
O dia a dia de uma família com uma criança autista pode ser único e variar de acordo com as necessidades e características específicas da criança. No entanto, algumas experiências comuns podem incluir:
Rotinas estruturadas
Como mencionamos acima, as crianças autistas geralmente se beneficiam de rotinas previsíveis e estruturadas. A família pode estabelecer horários regulares para atividades diárias, como refeições, banho, terapia e tempo de lazer.
Comunicação adaptada
Dependendo das habilidades de comunicação da criança, a família pode usar comunicação visual, linguagem simples e recursos de comunicação alternativa, como imagens ou dispositivos eletrônicos, para facilitar a compreensão e a interação.
Terapias e intervenções
As crianças com TEA normalmente necessitam realizar diferentes abordagens terapêuticas ao longo da semana, durante anos. A criança precisará passar semanalmente por muitos profissionais para o tratamento multidisciplinar e a família precisará se organizar para levá-la a todas essas sessões. Às vezes será necessário contar com mais de um membro da família que possa acompanhar a criança nas terapias e receber orientações para implementar intervenções e mudanças em casa.
Gerenciamento de comportamentos desafiadores
Algumas crianças autistas podem apresentar comportamentos desafiadores, como meltdowns (colapsos emocionais), estereotipias (movimentos repetitivos sem função específica ou funcional) ou dificuldades em lidar com mudanças. A família precisa aprender estratégias de manejo comportamental para ajudar a acalmar a criança e lidar com essas situações.
Inclusão social
A família precisa se envolver em atividades que promovam a inclusão social da criança. A participação em grupos de apoio, encontros com outras famílias com crianças autistas ou a busca por atividades recreativas adaptadas pode ser um caminho bastante produtivo.
Apoio educacional
A família trabalha em colaboração com a escola para garantir que a criança receba o suporte necessário. Isso pode envolver reuniões com professores, equipe de suporte educacional e acompanhamento do progresso acadêmico e social da criança.
Autocuidado da família
Cuidar de uma criança autista pode exigir muita energia e dedicação. É importante que a família reserve um tempo para cuidar de si mesma, buscando apoio emocional, descanso adequado e aconselhamento, se necessário. Dividir tarefas também pode ser necessário e nesse ponto a família de apoio (avós, tios ou outros parentes) podem participar desse processo. Isso é positivo para todo mundo.
Cada família é única e as necessidades da criança autista podem variar. É essencial que a família encontre o equilíbrio entre o cuidado da criança e o cuidado de si mesma, procurando o apoio necessário para enfrentar os desafios e celebrar as conquistas do dia a dia.