Bipolaridade Infantil: conheça os sinais e tratamentos

A bipolaridade infantil, também conhecida como transtorno bipolar na infância, é uma condição de saúde mental que envolve oscilações extremas de humor,  aumento de energia e comportamentos de risco em crianças.

Principais sintomas

Os sintomas da bipolaridade infantil podem variar de uma criança para outra e também podem ser diferentes dos sintomas observados em adultos com transtorno bipolar. Aqui estão alguns dos principais sintomas que podem estar presentes em crianças com bipolaridade:

Mudanças de humor extremas

As crianças com bipolaridade infantil podem experimentar episódios de humor elevado, chamados de episódios maníacos, e episódios de humor deprimido. Durante os episódios maníacos, a criança pode apresentar um humor excessivamente alegre ou irritado, agitação motora, fala acelerada, aumento da energia e diminuição da necessidade de sono.

Irritabilidade intensa

A irritabilidade é um sintoma comum da bipolaridade infantil e que pode dificultar o diagnóstico, pois se trata de um sintoma bastante comum na infância. A criança pode ficar facilmente frustrada, agitada e irritada, mesmo em situações que normalmente não a incomodavam. É importante diferenciar a irritação do transtorno bipolar daquela que ocorre em outras condições psiquiátricas como no transtorno opositor, TDAH ou mesmo a irritabilidade normal da infância.

Aumento da atividade física e mental

Durante os episódios maníacos, a criança pode parecer hiperativa, com aumento da energia e atividade física. Ela pode se envolver em múltiplas atividades simultaneamente e ter dificuldade em se concentrar em uma tarefa específica. A criança não demonstra ficar cansada, mesmo fazendo muita atividade.

Diminuição da necessidade de sono

Durante os episódios maníacos, a criança pode ter uma diminuição significativa da necessidade de sono, sentindo-se energizada mesmo com poucas horas de sono. Ela pode ter dificuldade em adormecer e acordar muito cedo, sem demonstrar cansaço.

Explosões de raiva e comportamento impulsivo

A criança pode ter explosões de raiva intensa e comportamento impulsivo durante os episódios maníacos. Ela pode ter dificuldade em controlar suas emoções e se envolver em comportamentos arriscados. Esse comportamento não ocorre quando a criança não está em crise, portanto não é algo que faça parte do temperamento da criança

Episódios de humor deprimido

Durante os episódios de humor deprimido, a criança pode apresentar tristeza profunda, falta de interesse em atividades que antes eram prazerosas, fadiga, perda de energia, alterações no sono e no apetite, sentimentos de desesperança e pensamentos suicidas (em casos mais graves com tentativas de suicídio).

Flutuações rápidas de humor

As crianças com bipolaridade podem ter mudanças rápidas e intensas de humor, passando de um estado maníaco para um estado deprimido em curtos períodos de tempo.

Como é feito o diagnóstico da da bipolaridade infantil?

O diagnóstico da bipolaridade infantil é complexo e requer uma avaliação cuidadosa por profissionais de saúde mental experientes. Aqui estão alguns aspectos envolvidos no diagnóstico da bipolaridade infantil:

Avaliação clínica

O processo de diagnóstico começa com uma avaliação clínica detalhada, na qual o psiquiatra infantil coleta informações sobre os sintomas e o histórico médico e psiquiátrico da criança. É importante envolver os pais ou responsáveis da criança para obter informações detalhadas sobre os comportamentos observados em diferentes contextos. O psiquiatra infantil precisa conhecer o humor basal da criança e para isso é possível que ele precise de algum tempo para poder fechar o diagnóstico definitivo.

Critérios diagnósticos

O diagnóstico de bipolaridade infantil é baseado em critérios específicos estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR) e a Classificação Internacional das Doenças em sua 11ª edição (CID-11). Os critérios exigem a presença de episódios maníacos/hipomaníacos e/ou episódios depressivos significativos e persistentes, que não podem ser explicados por outras condições médicas ou psiquiátricas. Existe a possibilidade de se observar os chamados episódios mistos onde se observam sintomas de ambos os pólos ao mesmo tempo.

Exclusão de outras condições

Os sintomas da bipolaridade infantil podem se sobrepor a outros transtornos, como transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtornos de ansiedade e transtornos de conduta. É importante que o profissional de saúde mental descarte essas condições antes de chegar a um diagnóstico de bipolaridade infantil.

Observação direta e informações adicionais

O profissional de saúde mental pode realizar observações diretas da criança em diferentes ambientes, como em casa e na escola, para obter uma visão mais abrangente de seu comportamento. Também pode ser útil obter informações de professores e outros profissionais que interagem regularmente com a criança.

Histórico familiar

Uma história familiar de transtorno bipolar ou outros transtornos do humor pode ser um fator relevante para o diagnóstico, pois a bipolaridade tem uma forte influência genética.

Tempo de duração dos sintomas

Para um diagnóstico de bipolaridade infantil, é necessário que os sintomas estejam presentes por um período significativo e interfiram no funcionamento geral da criança, incluindo seu desempenho escolar, relacionamentos e atividades diárias.

Principais abordagens de tratamento 

O tratamento da bipolaridade infantil envolve uma abordagem multidisciplinar que necessariamente incluirá intervenções farmacológicas, terapia psicossocial e suporte familiar. Cada caso é único, e o plano de tratamento deve ser personalizado de acordo com as necessidades específicas da criança. Aqui estão algumas opções de tratamento comumente utilizadas:

Medicamentos

Em alguns casos, o uso de medicamentos pode ser recomendado para estabilizar o humor e reduzir os sintomas. Os medicamentos mais frequentemente prescritos para o tratamento da bipolaridade infantil incluem estabilizadores de humor, como o lítio, antipsicóticos atípicos e alguns antiepilépticos.

O uso de medicamentos deve ser monitorado de perto por um psiquiatra infantil, devido aos possíveis efeitos colaterais e à necessidade de ajustes na dosagem.

Terapia psicossocial

A terapia psicossocial desempenha um papel importante no tratamento da bipolaridade infantil. Abordagens terapêuticas, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), podem ajudar a criança a identificar padrões de pensamento negativos, desenvolver habilidades de enfrentamento, regular emoções e melhorar o funcionamento social e acadêmico. A terapia familiar também pode ser benéfica para fornecer apoio e educação aos pais e auxiliar no manejo dos sintomas da criança.

Educação e apoio familiar

A família desempenha um papel crucial no tratamento da bipolaridade infantil. Os pais devem ser informados sobre a condição da criança, seus sintomas e os desafios associados. A educação e o suporte familiar ajudam a criar um ambiente estável e compreensivo para a criança, além de fornecer estratégias para gerenciar os sintomas e promover o bem-estar emocional.

Gerenciamento do estilo de vida

Adotar um estilo de vida saudável pode ser benéfico no tratamento da bipolaridade infantil. Isso inclui uma rotina regular de sono, alimentação balanceada, prática de atividade física e redução do estresse e bons relacionamentos (familiar e social). A manutenção de um ambiente estável e previsível também pode ser útil para crianças com bipolaridade, ajudando a minimizar possíveis gatilhos e perturbações emocionais.

Monitoramento contínuo

O tratamento da bipolaridade infantil é um processo contínuo e requer monitoramento regular da criança. Acompanhamento com profissionais de saúde mental é essencial para avaliar a eficácia do tratamento, ajustar medicações, fornecer suporte emocional e ajudar a criança e a família a lidar com quaisquer desafios que surjam.

É importante ressaltar que o tratamento da bipolaridade infantil é altamente individualizado, e o plano de tratamento pode variar de acordo com a gravidade dos sintomas, a idade da criança e outras condições médicas ou psiquiátricas coexistentes. Um trabalho colaborativo entre pais, profissionais de saúde mental e educadores é fundamental para o sucesso do tratamento.

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