De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é um problema de saúde pública que afeta pessoas de todas as idades, e a sua manifestação pode variar dependendo da fase da vida. Assim, é essencial abordar a questão da depressão infantil e suícidio com sensibilidade e seriedade.
Nos últimos dez anos, tem havido um aumento preocupante nas taxas de tentativas de suicídio e suicídios consumados entre crianças e jovens. A OMS relata que o suicídio é responsável por uma morte a cada 40 segundos no mundo.
Além disso, foi observado um aumento de mais de 40% nas taxas de suicídio entre crianças e adolescentes na faixa etária de 10 a 14 anos, e aproximadamente 33,5% de aumento na faixa etária de 15 a 19 anos. Esses dados são alarmantes e requerem uma atenção urgente.
Diante desse cenário, no artigo de hoje, vamos explorar os principais sinais de alerta em relação ao suicidio na infância. Continue a leitura e confira.
Sinais de alerta em relação a depressão e suícidio na infância e adolescência
Observar a intensidade, duração e persistência dos sinais na infância é imprescindível para adotar formas de prevenção do suicídio, como manter um canal aberto de diálogo, ter uma rede de apoio e buscar atendimento psicológico e psiquiátrico. Além disso, é importante observar comportamentos como:
- Desinteresse, dificuldades ou prejuízos no desempenho e aprendizagem escolar;
- Ansiedade, agitação, irritabilidade ou tristeza permanentes;
- Isolamento persistente, com afastamento de familiares, amigos e grupos sociais;
- Alterações no sono e apetite alimentar;
- Desinteresse por atividades de que gostava e desapego de pertences que valorizava;
- Baixa autoestima, com desinteresse e descuido com a aparência;
- Falta de planejamento de futuro, não se imagina vivendo como adulto.
- Perda de suporte social
- Comentários frequentes negativos em relação ao futuro e autodepreciativos;
- Ter acesso a métodos letais como armas de fogo ou morar em apartamentos altos.
- Expressões e comentários que indiquem desejo de morrer.
Mitos e verdades de comportamentos suicidas
Mitos
- Quem quer se matar não avisa!
- Quem se suicida, quer morrer!
- Uma vez suicida, sempre suicida.
- Não é possível prevenir o sucidio
Verdades
- 80% avisam que vão se matar!
- O suicídio é visto como uma solução para o sofrimento emocional e para se livrar de algo que incomoda muito.
- O comportamento suicida é algo itinerante e está relacionado a momentos de crise que passam desde que adequadamente cuidado.
- Alguns casos não se consegue evitar, mas a maior parte dos suicídios são evitáveis.
Como a família pode ajudar as crianças que tentaram suicídio ou estão deprimidas?
- Todas as ameaças de suicídio devem ser encaradas com seriedade, mesmo quando possam parecer falsas ou manipulativas;
- Ajudar a criança a avaliar a situação, permitindo que ele descubra novas soluções para seu sofrimento, explorar com ela tais soluções e orientá-la em direção a uma ação diferente;
- Procurar compreender as razões pela qual a criança ou adolescente optou pelo suicídio para lidar com seu sofrimento, não minimizando seus problemas e sofrimento. Quem utiliza a morte como solução para se livrar de algo ruim é porque não possui outros recursos para resolver seus problemas;
- Transmitir esperança sem dar falsas garantias e não fazer promessas que não possam ser cumpridas;
- Romper o isolamento em que vive a criança e abordá-lo diretamente;
- Expressar disponibilidade de escutá-lo sem julgamento, evitar insultos, culpabilização ou repreensões morais;
- Reconhecer a legitimidade do problema e tratá-lo como adulto;
- Avaliar a urgência do caso, verificar se as ideias de suicídio são frequentes e se a criança apresenta meios para executá-lo;
- Não deixar a criança sozinha até que as providências sejam tomadas;
- Mesmo que sejam ideias vagas ou tentativas com características para chamar a atenção é preciso ter um manejo assertivo de cuidado e busca de ajuda.
- Desmentir o mito de que os adultos não podem mais ajudá-lo;
- Envolver o ambiente escolar e toda a família no processo.
A importância da psicoterapia e do médico psiquiatra
Muitos pais podem se sentir perdidos diante da situação, mas é importante lembrar que eles não estão sozinhos. Contar com o auxílio de psicólogos e psiquiatras pode ser fundamental para orientar os pais na condução de conversas e criar um ambiente familiar acolhedor para a criança ou adolescente que está passando por esse desafio.
Quando surgem comportamentos ou pensamentos autoagressivos, seja em uma criança ou adolescente, isso indica que algo não está bem, não apenas com o indivíduo, mas também no funcionamento familiar como um todo. É crucial perceber que algo está acontecendo e reconhecer que existe a possibilidade de encontrar soluções juntos.
Buscar a psicoterapia e o apoio de um médico psiquiatra é a solução ideal nesse momento. Dessa forma, tanto a criança quanto a família receberão o suporte e a orientação necessários para lidar com a depressão e a ideação suicida.
Ao longo do processo terapêutico e do acompanhamento psiquiátrico, a criança se sentirá acolhida, aprenderá a dar novos significados para suas angústias e descobrirá maneiras de agir de forma diferente.
O tratamento com profissionais também auxilia a família a reconectar-se e a compreender quais comportamentos são benéficos para serem verdadeiros apoios emocionais uns para os outros. É um caminho de recuperação e fortalecimento do vínculo familiar, proporcionando um ambiente seguro e saudável para enfrentar os desafios associados à depressão e ideação suicida.