Transtornos do comportamento disruptivo: o que são e como tratar?

Os transtornos do comportamento disruptivo, também chamados de transtornos externalizantes, são um grupo de transtornos psiquiátricos que se caracterizam por padrões persistentes de comportamentos desafiadores e desobedientes. 

Esses comportamentos são frequentemente observados em crianças e adolescentes e podem causar dificuldades significativas no funcionamento diário, tanto em casa quanto na escola.

Tipos e transtornos disruptivos

Existem três principais transtornos do comportamento disruptivo:

Transtorno disruptivo de oposição (TDO)

É caracterizado por um padrão persistente de comportamento desafiador, oposicionista e desobediente. As crianças com TDO frequentemente apresentam hostilidade, irritabilidade, teimosia, desafiam regras e autoridade, têm dificuldade em lidar com a frustração e podem provocar brigas e conflitos com os outros. 

Esse transtorno pode afetar negativamente as interações sociais e o funcionamento escolar.

Transtorno de Conduta (TC)

Ocorre geralmente em crianças mais velhas e adolescentes e se caracteriza por um repetitivo e persistente de comportamento no qual são violados os direitos individuais dos outros ou regras sociais importantes para a idade

Transtorno Explosivo Intermitente (TEI)

Comportamento recorrente de explosões que representam perda

de controle dos impulsos agressivos causados por falha no controle da raiva.

Esses transtornos podem ser debilitantes e afetar negativamente a vida da criança ou adolescente, bem como o relacionamento com os pais, familiares, professores e colegas. Eles podem interferir no desempenho acadêmico, nas habilidades sociais e emocionais, na autoestima e no bem-estar geral.

Fatores de risco

Existem vários fatores de risco associados ao desenvolvimento de transtornos do comportamento disruptivo 

Esses fatores podem aumentar a probabilidade de uma criança ou adolescente apresentar comportamentos desafiadores e desobedientes. Alguns dos principais fatores de risco incluem:

Fatores genéticos e biológicos

Estudos indicam que existe uma influência genética nos transtornos do comportamento disruptivo. Pessoas com histórico familiar de transtornos do comportamento, TDAH, transtornos de conduta, TEI ou transtornos de humor têm maior risco de desenvolver esses transtornos. 

Além disso, diferenças biológicas, como desequilíbrios químicos no cérebro, podem contribuir para o surgimento desses transtornos.

Fatores ambientais e familiares

O ambiente familiar desempenha um papel crucial no desenvolvimento do TDO. Fatores como país com práticas parentais inadequadas, inconsistência na disciplina, falta de limites claros, estilos parentais agressivos ou negligentes, conflitos familiares frequentes e exposição a comportamentos agressivos ou antissociais dentro do ambiente familiar aumentam o risco de desenvolver TDO ou TC.

Exposição a adversidades precoces

Traumas, abuso físico, sexual ou emocional, negligência, separação dos pais, instabilidade familiar, pobreza, violência doméstica ou comunitária e outras adversidades precoces podem aumentar a probabilidade de desenvolvimento de transtornos do comportamento disruptivo.

Falta de habilidades sociais e emocionais

Crianças e adolescentes com dificuldades em lidar com emoções, expressar-se de maneira apropriada, resolver problemas ou interagir socialmente estão mais propensos a apresentar comportamentos disruptivos. 

A falta de habilidades sociais e emocionais pode levar à frustração, raiva e dificuldade em lidar com situações desafiadoras.

Influências sociais

Exposição a pares delinquentes, pressões sociais negativas, influência de modelos de comportamento antissociais ou agressivos e falta de supervisão adequada também podem aumentar o risco de desenvolvimento de transtornos do comportamento disruptivo.

É importante observar que a presença de um ou mais fatores de risco não significa necessariamente que uma criança ou adolescente desenvolverá TDO ou o TC. 

Esses fatores aumentam a vulnerabilidade, mas a interação complexa entre fatores de risco e fatores de proteção é fundamental para compreender o desenvolvimento desses transtornos. Cada indivíduo é único e pode responder de maneira diferente aos fatores de risco.

Abordagem de diagnóstico e tratamento

O diagnóstico e tratamento dos transtornos disruptivos, como o transtorno disruptivo de oposição (TDO) e o transtorno de conduta (TC), geralmente são realizados por profissionais de saúde mental, como psicólogos, psiquiatras ou terapeutas especializados em infância e adolescência. Confira as principais etapas sobre o diagnóstico e tratamento desses transtornos:

Diagnóstico

Avaliação clínica

Um profissional de saúde mental realizará uma avaliação completa, incluindo entrevistas clínicas com a criança/adolescente e com os pais ou responsáveis. 

Durante a avaliação, serão explorados os sintomas, a frequência e a gravidade dos comportamentos desafiadores e desobedientes, bem como o impacto desses comportamentos no funcionamento diário.

Critérios diagnósticos

O diagnóstico de TDO e TC é baseado nos critérios estabelecidos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). 

Esses critérios incluem um padrão persistente de comportamento desafiador, irritabilidade, desobediência, hostilidade, violação de regras sociais e prejuízo significativo no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.

Exclusão de outras condições

É importante descartar a possibilidade de que os sintomas sejam causados por outros transtornos mentais, como transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), transtornos de ansiedade, transtornos de humor (como depressão ou transtorno bipolar) ou uso de substâncias.

Tratamento

Intervenções psicossociais

A terapia comportamental é frequentemente utilizada no tratamento dos transtornos disruptivos. 

Essa abordagem visa identificar e modificar os padrões de comportamento desafiador, ensinando à criança/adolescente habilidades de controle de impulsos, resolução de problemas, empatia, comunicação efetiva e habilidades sociais. 

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) também pode ser útil para trabalhar com pensamentos disfuncionais e promover mudanças comportamentais.

Intervenções escolares

A colaboração com a escola é essencial para o sucesso do tratamento. É importante envolver os professores e equipe escolar no processo, discutindo estratégias de manejo comportamental, adaptando o ambiente escolar, implementando reforço positivo e estabelecendo planos de intervenção comportamental.

Medicamentos

Em alguns casos, medicamentos podem ser considerados como parte do tratamento dos transtornos disruptivos, especialmente quando há comorbidades, como TDAH ou transtornos de humor e também medicações que possam ter controle sobre a impulsividade e a irritabilidade, sintomas bastante frequentes nos transtornos disruptivos.

A prescrição de medicamentos deve ser realizada por um médico psiquiatra, que avaliará a necessidade e os potenciais benefícios dos medicamentos, bem como monitorará seus efeitos colaterais.

É fundamental ressaltar que o tratamento farmacológico se tornará insuficiente se não forem realizadas abordagens psicossociais tanto com a criança/adolescente como com a família e escola.

É importante ressaltar que cada caso é único e o tratamento deve ser adaptado às necessidades individuais da criança/adolescente e da família. 

A intervenção precoce e consistente, aliada ao apoio contínuo da família e dos profissionais de saúde mental, é fundamental para o manejo eficaz dos transtornos disruptivos e para melhorar o funcionamento geral e o bem-estar da criança/adolescente.

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