Os pais são modelos de comportamento para os filhos, pois eles são sua referência de vida. Então, tudo o que os pais fazem, sentem e como reagem às situações é observado pelas crianças e influencia sua vida. Dessa forma, pais ansiosos, podem tornar seus filhos ansiosos. Mas como isso realmente acontece?
A ansiedade está cada vez mais comum entre as pessoas e aumentou devido a pandemia da COVID-19. Entretanto, outros fatores também contribuem com a ansiedade e os pais, sem perceber, passam isso para os filhos, algo que pode ser prejudicial até mesmo durante a vida adulta.
Excesso de preocupação: principal fator que influencia a ansiedade nas crianças
É muito comum que todos os pais e mães tenham preocupação com o futuro de seus filhos. Como será o mundo daqui a alguns anos? Qual faculdade escolher? Que profissão seguir? Se terão amigos? E se conseguirão ter autonomia quando se tornarem adultos? Todas essas preocupações geram ansiedade para os pais, que é passada para os filhos, principalmente os mais velhos. Adolescentes que estão em fase de concluir os estudos, podem também ficar ansiosos em relação às expectativas que os pais criam sobre o seu futuro, como vestibular ou profissão.
Pais superprotetores também podem passar a sua ansiedade para os filhos. Muitas pessoas têm medo dos perigos do mundo, de que a criança ou até mesmo o jovem tenha outras experiências, como ir dormir na casa de um amigo. Medo da violência, medo da política, entre outros medos, são passados de pais para filhos.
Dessa forma, a criança e o adolescente se tornam dependentes demais dos pais e se tornam adultos que não vivem, porque sentem medo. Será que essa é realmente a vontade dos pais? A proteção é um ato de amor, mas também é preciso que os filhos tenham suas experiências, mesmo que sejam situações ruins, pois isso ajuda em seu desenvolvimento como ser humano.
Pandemia e seu papel no aumento das doenças mentais como depressão e ansiedade
Desde o início da pandemia houve um significativo aumento do estado de estresse entre as pessoas.. Pressão financeira, distanciamento social, medo da doença, desinformação e as possíveis perdas que poderiam acontecer só contribuíram para o aumento de casos de problemas de saúde mental.
Estudos vêm sendo realizados para compreender o real impacto sobre a depressão e ansiedade dos pais sobre os filhos. Mas em pesquisas anteriores sobre o tema, foi apontado que crianças expostas a esses tipos de problemas têm uma maior probabilidade de ter problemas de saúde mental.
São problemas desse tipo que também contribuíram para um risco maior de problemas de aprendizagem e comportamento. Pais deprimidos ou com ansiedade tendem a aplicar um disciplinamento muito mais severo ou até mesmo, um tratamento mais distanciado em relação às necessidades dos filhos. Por isso, ao perceber os sintomas de alguma doença mental, é preciso buscar ajuda.
Como evitar que a ansiedade dos pais passe para os filhos?
Em primeiro lugar, não estamos falando que os pais precisam se afastar dos filhos quando estão passando por esse tipo de problema.
Mas é preciso estar mais atento ao próprio estado emocional. Observar o que sente, como sente e como reage a esses sentimentos e emoções. É preciso uma gestão dos próprios pensamentos e emoções para que isso não fique literalmente nas costas dos filhos. Os pais muitas vezes não percebem que estão no seu limite e somente quando os filhos começam a demonstrar dificuldades em gerenciar as próprias dificuldades emocionais é que percebem que estão também precisando se cuidar.
Quando se trata do futuro dos filhos, seja em relação a estudos, trabalho ou em qualquer outra área, a recomendação é não depositar muitas expectativas, principalmente se elas forem irreais ou projeções dos próprios desejos dos pais. Muitos pais anseiam que seus filhos alcancem aquilo que eles, quando jovens, não tiveram oportunidade de atingir. Isso é normal, mas sobrecarregar os filhos com essas expectativas só gera mais ansiedade e estresse. Muitos jovens seguem carreiras que não desejavam, pelo simples fato de quererem agradar aos pais.
Por isso, foque no agora. O que você pode fazer pelos seus filhos hoje, que vai ajudá-los lá no futuro independente da escolha de profissão ou estudo? Será que meu filho refletiu de forma adequada sobre o que deseja para si? Será que essa escolha foi feita a partir de um desejo genuíno? Ajude o seu filho a pensar sobre isso, pois ele precisará se fidelizar a um desejo que é dele e fazer todo o esforço para alcançá-lo.
Outro ponto importante é em relação aos pais que sofrem com depressão. Ignorar que é preciso buscar ajuda é um perigo e isso influencia não somente os filhos, mas a todos os membros da família. Por isso, é essencial buscar ajuda psicológica para iniciar o tratamento indicado. Em alguns casos, o tratamento psquiátrico também será necessário com o uso de medicamentos.
Lembre-se que vocês não estão sozinhos nessa empreitada. Muitos outros pais e familiares podem estar passando também por ansiedade e depressão, ou seja, isso não significa que você é um péssimo pai ou mãe.
