O estresse é uma forma de resposta do organismo quando passa por determinados estímulos que representam circunstâncias ameaçadoras ou súbitas. Envolve um processo complexo de reações cerebrais e hormonais de resposta do corpo a essas situações de risco para que o organismo se proteja, lutando ou fugindo dessa ameaça. É algo normal e necessário à preservação da vida. Ele se torna patológico quando é intenso e constante.
É normal acreditar que somente os adultos passam por estresse, seja por conta do trabalho, estudos, finanças, família e filhos.
Mas esse é um fenômeno que ocorre em qualquer idade e no mundo moderno tem se tornado bastante frequente nas crianças e causando problemas diversos.
O estresse nas crianças pode ser desencadeado por diferentes motivos e os seus sintomas podem prejudicar o dia a dia da criança, como a pressão por um bom rendimento escolar ou conseguir fazer amigos. Entender quais são esses sintomas é essencial, pois pais e familiares podem confundir com algo rotineiro ou até mesmo birra, o que pode ser prejudicial para o diagnóstico.
Sinais para identificar o estresse infantil
Não se pode esperar que crianças menores consigam relatar sentimentos que possam se relacionar ao estresse. É importante avaliar mudanças de comportamento e observar o ambiente ao redor da criança (se há tensão no ar ou problemas na escola). As crianças menores ainda não sabem como lidar com seus sentimentos e não entendem o que está acontecendo quando se sentem estressadas, porque não sabem o que é isso. Veja alguns exemplos:
- Choro excessivo;
- Dificuldade para dormir;
- Recusa alimentar;
- Ansiedade e medos
- Pesadelos;
- Desobediência;
- Medo excessivo;
- Agressividade;
- Impaciência;
Muitos desses sintomas são facilmente confundidos e muitos pais acham que é normal. Mas é preciso entender o contexto e outros sintomas que também podem aparecer, como os físicos. Então, além dos sintomas comportamentais citados acima, a criança também pode apresentar sintomas físicos que chamamos de somatização, como, por exemplo:
- Dores de cabeça;
- Diarreia crônica;
- Falta de apetite;
- Dores de barriga;
- Tiques;
- Gagueira;
- Tensão muscular;
- Urinar na cama durante o sono;
- Náuseas.
Quais são as principais causas do estresse infantil?
Assim como nos adultos, o estresse nas crianças pode ser causado pelo excesso de atividades. Mas outros fatores também podem contribuir para isso, como por exemplo:
- Nascimento de irmão;
- Briga/discussão entre os pais;
- Violência doméstica;
- Excesso de responsabilidades;
- Doenças e hospitalizações;
- Perdas familiares;
- Rejeição entre colegas;
- Mudança (escola, casa, cidade);
- Exigência exagerada de desempenho.
Como evitar?
A maioria das causas do estresse infantil está ligado ao ambiente familiar, por isso, os pais precisam estar atentos ao que acontece dentro de casa. Discussões e brigas devem ser evitadas de acontecer na frente da criança e caso aconteça, os pais precisam se desculpar pelo ocorrido, pois geralmente a criança se sente culpada pela briga.
Sendo assim, o primeiro passo para evitar ou até mesmo ajudar a diminuir os sintomas de estresse que a criança sente, é identificar o que está causando isso. É a escola? São problemas em casa? O excesso de responsabilidade?
Muitas famílias ficam com o foco de sobrecarregar a criança com muitas atividades, para que ela tenha um bom desempenho no futuro como adulto. Mas esquecem que a criança também precisa brincar e se divertir. Sendo assim, diminua as atividades e deixe que a criança tenha tempo para brincar e se divertir, participe e ajude a criança nessa diversão também.
Também é importante avaliar o ambiente escolar e social das crianças, pois o estresse pode surgir por conflitos com os pares.
Qual o tratamento indicado?
Primeiro de tudo o acolhimento afetivo e a escuta em casa. A criança precisa se sentir ouvida em suas angústias e dificuldades e saber que os pais estão ali para ajudá-las.
Em situações mais graves, o tratamento pode contar com o acompanhamento psicológico da criança junto com a família, afinal, a família tem um papel importante. Mas a maioria das recomendações é sobre o que já foi citado, diminuir o ritmo e intensidade de atividades que a criança realiza. Se existe muita pressão em relação à cobrança de notas ou até mesmo desempenho em esportes, os pais precisam recuar e também diminuir isso ou se for preciso, retirar a criança de alguma atividade.