Crise sensorial em crianças: o que é e como lidar?

A crise sensorial é uma reação intensa e desproporcional a estímulos sensoriais do ambiente. Crianças que vivenciam crises sensoriais têm dificuldade em processar, regular e filtrar informações sensoriais, como sons, luzes, texturas, cheiros e sabores. 

Essas crises podem ser desencadeadas por estímulos sensoriais muito intensos, repetitivos, imprevisíveis ou desconhecidos. Durante uma crise sensorial, a criança pode apresentar uma série de sintomas, que variam de acordo com o indivíduo. 

Alguns exemplos incluem hipersensibilidade ou hiperreatividade a estímulos sensoriais, como cobrir os ouvidos em resposta a sons, evitar toques leves ou ter aversão a certos cheiros. 

Por outro lado, algumas pessoas podem apresentar hipo-sensibilidade ou sub-reatividade, ou seja, podem ter dificuldade em responder adequadamente aos estímulos sensoriais.

As crises sensoriais podem causar desconforto, ansiedade, irritabilidade, agitação e até mesmo comportamentos de evitação. Elas podem ocorrer em pessoas com diversos perfis, incluindo indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Síndrome de Sensibilidade Central, Transtorno do Processamento Sensorial, entre outros.

Como lidar com uma crise sensorial em uma criança?

De modo geral, a crise sensorial em crianças ocorre quando elas têm dificuldade em processar e lidar com estímulos sensoriais do ambiente ao seu redor. Isso pode incluir estímulos visuais, auditivos, táteis, olfativos e gustativos, que podem sobrecarregar e desencadear uma resposta de estresse na criança.

Para lidar com as crises sensoriais em crianças, é importante adotar algumas estratégias eficazes:

Conheça os gatilhos

Observe quais estímulos sensoriais desencadeiam as crises na criança. Isso pode incluir luzes brilhantes, ruídos altos, texturas desconfortáveis ou odores fortes. Identificar os gatilhos ajudará a evitar ou minimizar sua exposição.

Crie um ambiente tranquilo

Proporcione à criança um ambiente calmo e tranquilo em casa e em outros lugares que frequenta. Isso pode incluir reduzir a iluminação, diminuir o ruído ambiente e oferecer espaços seguros onde ela possa se sentir protegida.

Ofereça técnicas de autorregulação

Ensine a criança técnicas de autorregulação para ajudá-la a lidar com as crises sensoriais. Isso pode incluir técnicas de respiração profunda, exercícios de relaxamento, uso de objetos de apoio sensorial, como brinquedos de apertar, ou técnicas de redirecionamento de atenção.

Mantenha uma rotina consistente

Manter uma rotina previsível e estruturada pode ajudar a criança a se sentir mais segura e reduzir a ansiedade relacionada às crises sensoriais. Isso inclui horários regulares para refeições, sono e atividades.

Comunique-se de forma clara

Use uma linguagem clara e simples ao se comunicar com a criança. Isso ajudará a evitar sobrecarga sensorial causada por informações excessivas. Se necessário, use gestos ou imagens visuais para facilitar a compreensão.

Dê suporte emocional

Seja compreensivo e ofereça apoio emocional à criança durante as crises sensoriais. Demonstre empatia, valide seus sentimentos e ofereça conforto e segurança.

Consulte um profissional

Se as crises sensoriais da criança forem frequentes, intensas ou interferirem significativamente em sua vida diária, é importante buscar a orientação de um profissional de saúde, como um terapeuta ocupacional ou um psicólogo especializado em terapia sensorial. 

Eles podem fornecer estratégias mais específicas e adequadas para lidar com as necessidades sensoriais da criança.

Como é feito o diagnóstico de crise sensorial?

O diagnóstico de crise sensorial em crianças geralmente é feito por profissionais da área de saúde, como terapeutas ocupacionais, psicólogos ou médicos especializados em desenvolvimento infantil. O processo de diagnóstico pode envolver as seguintes etapas:

  • Avaliação clínica: o profissional irá conduzir uma avaliação clínica abrangente, que pode incluir entrevistas com os pais ou cuidadores da criança para obter informações sobre seu comportamento sensorial, histórico médico e desenvolvimento geral.

  • Observação direta: o profissional irá observar diretamente a criança em diferentes contextos para identificar padrões de comportamento sensorial, como reações a estímulos sensoriais específicos, evitação de certas situações ou comportamentos repetitivos relacionados aos sentidos.

  • Questionários e escalas de avaliação: podem ser utilizados questionários padronizados ou escalas de avaliação para ajudar a avaliar os sintomas sensoriais da criança. Essas ferramentas permitem obter informações mais detalhadas sobre o perfil sensorial da criança e auxiliam no diagnóstico.

  • Exclusão de outras condições médicas: o profissional também deve descartar a possibilidade de outros transtornos ou condições médicas que possam estar contribuindo para os sintomas sensoriais da criança, como autismo, transtorno do processamento sensorial ou condições neurológicas.

É importante ressaltar que o diagnóstico de crise sensorial em crianças pode ser complexo, pois os sintomas podem variar amplamente e serem influenciados por diversos fatores. 

Portanto, é recomendado buscar a orientação de profissionais qualificados e especializados para uma avaliação adequada e um diagnóstico preciso.

Tratamento para crise sensorial infantil

O tratamento para crises sensoriais em crianças geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir intervenções terapêuticas, adaptações ambientais e estratégias de autorregulação. 

É importante lembrar que cada pessoa pode ter diferentes tipos de reações sensoriais e que nem todas as pessoas com autismo ou outras condições sensoriais experimentam crises sensoriais. 

O suporte e a compreensão da família, escola e profissionais de saúde são essenciais para ajudar a pessoa a lidar com as crises sensoriais e melhorar sua qualidade de vida.

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