O Transtorno de Ansiedade Social (TAS), também denominado de fobia social, é o transtorno de ansiedade mais comum e o terceiro mais prevalente entre todos os transtornos mentais.
Segundo a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5; APA, 2014), indivíduos com o transtorno de ansiedade social manifestam um medo excessivo e persistente de uma ou mais situações sociais, ou de desempenho.
Em geral, essas pessoas temem serem vistas comportando-se de maneira humilhante ou embaraçosa, e uma consequente desaprovação ou rejeição pelos outros.
Pessoas com o transtorno de ansiedade social desenvolvem medo da avaliação negativa das pessoas, gerando sentimentos de constrangimento, humilhação e vergonha.
Não se trata de um quadro de timidez, pois o impacto negativo da fobia social vai muito além de um desconforto em ambientes públicos, mas gera grande sofrimento e limitações.
Quais são os sintomas do transtorno de ansiedade social?
Os sintomas da ansiedade social podem ser identificados por manifestações corporais, cognitivas e comportamentais.
Sintomas corporais
- Aceleração dos batimentos cardíacos;
- Palpitações;
- Tremores;
- Respiração curta;
- Suor;
- Rubor;
- Desconforto abdominal;
- Tonturas.
Sintomas cognitivos
Os sintomas cognitivos de quem sofre de ansiedade social geram sensação de incapacidade, baixa autoestima e podem gerar quedas do humor que podem levar à depressão. Frases de ansiedade frequentes nesse sentido são:
- “Pareço fora de lugar”;
- “Sinto-me estúpido” ;
- “Não me encaixo em lugar algum”;
- “Aonde eu vou, estrago tudo”.
- “Não possuo nada de atraente para me relacionar com as pessoas”.
Sintomas comportamentais
Os sintomas comportamentais da ansiedade social são:
- Esquivar-se de situações em que acredita que pode ser o centro das atenções;
- Não comparece em reuniões por conta do medo do julgamento alheio;
- Tendência ao isolamento, podendo abandonar a escola, faculdade e até mesmo o emprego.
Fatores de risco
Fobia social geralmente tem início na adolescência, embora possa ocorrer na infância ou após alguma situação de vida especialmente difícil. Os seguintes fatores aumentam o risco de desenvolvê-la:
- Histórico familiar de transtorno mental, especialmente transtorno de ansiedade ou depressão;
- Vivência de traumas, como bullying, abuso e humilhação;
- Temperamento tímido ou contraído;
- Necessidade repentina de falar em público;
- Características físicas.
- Dificuldades na fala ou linguagem..
Complicações da ansiedade social
Se não for tratado, o transtorno de ansiedade social pode interferir na escola, nos relacionamentos e futuramente no trabalho ou em atividades prazerosas como lazer ou relacionamentos sociais e amorosos ao longo da vida, causando:
- Baixa autoestima;
- Dificuldade em ser assertivo(a);
- Autodepreciação;
- Hipersensibilidade às críticas;
- Habilidades sociais ruins;
- Isolamento e dificuldade com relacionamentos sociais;
- Baixo desempenho profissional e acadêmico;
- Abuso de substâncias, como beber demais;
- Suicídio ou tentativa de suicídio.
Diagnóstico do Transtorno de Ansiedade Social (TAS)
O diagnóstico do transtorno de ansiedade social é realizado por meio da análise clínica feita por um médico psiquiatra, baseada em:
- Exames físicos, para avaliar se alguma condição médica ou medicação pode desencadear sintomas de ansiedade;
- Discussões de sintomas, com que frequência eles ocorrem e em quais situações;
- Questionários de autorrelato sobre sintomas de ansiedade social; critérios listados no manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5).
Os critérios para o diagnóstico, segundo o DSM-5, são:
- Medo acentuado e persistente de situações sociais ou de desempenho (como falar ou comer em público), onde o indivíduo é exposto a pessoas estranhas ou ao possível escrutínio por outras pessoas;
- A exposição à situação social temida provoca ansiedade extrema e sofrimento;
- O paciente reconhece que o medo é excessivo ou irracional;
- Em indivíduos com menos de 18 anos, a duração tem que ser de, no mínimo, seis meses.
Tratamentos para o transtorno de ansiedade social
O tratamento para esse tipo de transtorno de ansiedade trabalha com dois focos:
- Controlar os sintomas de ansiedade e pânico por meio de medicamentos;
- Ajudar o paciente a mudar padrões de comportamento por meio da psicoterapia.
Tratamento medicamentoso
Os medicamentos antidepressivos e ansiolíticos são os mais empregados no tratamento da fobia social. Dentre eles, os antidepressivos do tipo inibidores de recaptação de serotonina (ISRS) apresentam bons resultados no quadro.
Dessa forma, o paciente tem os sintomas do medo e da ansiedade controlados e ganham um aumento na sensação de bem-estar geral, melhorando também os pensamentos da pessoa com o transtorno.
Tratamento com psicoterapia
Há vários tipos de psicoterapias que podem ajudar no tratamento da ansiedade social. No entanto, a terapia cognitiva- comportamental (TCC) e a terapia comportamental são as mais utilizadas para tratar esse tipo de transtorno psiquiátrico. Essas duas abordagens apresentam semelhanças, mas são distintas quanto aos métodos e objetivos a serem desenvolvidos.
Na TCC, o paciente aprende a reconhecer e enfrentar seus medos. A partir daí, ele é orientado a observar e transformar seus pensamentos para desenvolver a confiança nas relações com as outras pessoas. Esse processo se chama reestruturação cognitiva.
Já na terapia comportamental o enfoque é o ambiente e a relação do indivíduo com o meio, onde se trabalha a exposição gradativa e dessensibilização (exposição com prevenção de resposta).
O tratamento para a fobia social tem duração variável, pois tudo vai depender do organismo de cada paciente e da sua persistência para continuar se tratando.
Mudanças no estilo de vida
O transtorno de ansiedade social geralmente necessita de um tratamento realizado por um especialista médico ou psicoterapeuta qualificado, no entanto, realizar mudanças no estilo de vida podem ser essenciais para ajudar no processo. Entre elas, podemos citar:
- Praticar exercícios físicos regularmente;
- Sono regular (pelo menos 7h por dia);
- Dieta saudável e balanceada;
- Evitar o excesso de álcool;
- Evitar cafeína;
- Participar de situações sociais junto de pessoas do seu ciclo afetivo.