Os conflitos conjugais estão presentes em todas as famílias. Esses conflitos podem ser definidos como a diferença de opinião dentro de interações do casal, podendo elas serem negativas ou positivas e que podem influenciar diretamente no desenvolvimento social e psicológico dos filhos.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 73% dos filhos convivem com os pais na mesma casa, sendo assim, é comum que os filhos presenciam tais conflitos e se sentem desassistidos pelos pais diante do ambiente conflituoso.
Consequências do conflito conjugal para os filhos
O conflito entre os pais pode afetar os filhos e acarretar consequências:
- Relações interpessoais: dificuldade em estabelecer relações de confiança e de maior intimidade com outras pessoas; tendência de apresentar comportamentos denominados antissociais (brigar, mentir, praticar bullying, gritar etc.).
- Baixa tolerância à raiva e hostilidade: dificuldades em lidar com situações que despertem emoções fortes como a raiva em aceitar o “não”.
- Problemas no sono e na alimentação: dificuldades para dormir, pesadelos frequentes, sono inquieto, falta de apetite.
- Maior conflitualidade com figuras de autoridade: dificuldades em seguir ordens e orientações de figuras de autoridade, comportamento opositor (professores, superiores hierárquicos etc.).
- Maior vulnerabilidade e dependência psicológica: redução da autoestima e da autoconfiança.
- Sentimento de culpa: a criança/o adolescente é constantemente forçado pelos pais, direta ou indiretamente, a escolher um lado e a tomar partido, desenvolvendo o conflito de lealdade e crescendo com um sentimento de culpa e de impotência.
- Baixa autoestima e autoconfiança, sentimento de desesperança e solidão. Dificuldades nas relações afetivas no futuro.
- Doenças psicossomáticas: especialmente nas situações de estresse, a criança/o adolescente pode apresentar dores de cabeça, dores de barriga e outras dores.
Como os filhos se sentem diante de conflitos entre os pais?
As reações emocionais dos filhos podem variar de acordo com a forma como o casal lida com o conflito e suas causas, frequência e intensidade.
Em geral, quando o conflito dentro do ambiente familiar é frequente e intenso, podendo ser agressivo e violento, os filhos tendem a associá-lo a emoções negativas, como a falta de acolhimento, o medo e a insegurança gerada dentro da família.
Os filhos podem buscar apoio emocional, intervir, adotar comportamentos para descarregar sentimentos negativos e se afastar.
Dessa forma, pode-se concluir que os conflitos afetam o desenvolvimento e bem-estar dos filhos, cientes que os conflitos são inerentes a vida das famílias, cabe aos pais, buscar entender qual a melhor forma de lidar com situações conflituosas, para que ocorra o menor prejuízo no desenvolvimento familiar.
Como agir?
Pais que estejam preocupados quanto ao impacto de suas discussões nas crianças precisam saber que as crianças, na verdade, respondem bem quando os pais explicam e resolvem suas discussões de modo apropriado.
Ao verem os pais solucionarem seus desentendimentos de maneira saudável, os filhos aprendem lições importantes que os ajudarão a entender suas próprias emoções e a se relacionar para além do círculo familiar.
Como resolver conflitos conjugais sem afetar os filhos?
- Colocar o bem-estar dos filhos em primeiro lugar, sempre buscando resolver os conflitos de forma saudável e passiva, evitando que as crianças sejam desgastadas ou se envolvam nos conflitos;
- Conversar sempre com as crianças e não deixar que os conflitos interfiram no seu papel parental com os filhos. Lembre-se os pais nunca deixaram de ser o casal parental, mesmo que se desentendam ou venham a se separar;
- Lidar com os conflitos no momento e local certos, ou seja, tratar os problemas quando as crianças não estiverem em casa e quando o casal tiver tempo suficiente para discutir o assunto ou quando ambos estiverem calmos;
- Os conflitos devem permanecer privados. A falta de respeito e os conflitos acalorados devem ser proibidos na frente de outras pessoas, especialmente na frente dos filhos;
- Possibilidade de adiar lidar com o conflito. Se um dos dois não quiser lidar com o problema naquele momento, a proposta de escolher outro momento para lidar com o conflito deve ser aceita, mas com a regra de que isso não tome mais do que um dia;
- E NUNCA tenham atitudes desrespeitosas com o (a) seu/sua parceiro (a). Palavrões, ofensas e principalmente agressões físicas nunca devem ocorrer, mesmo que haja divergências importantes entre vocês. Lembre-se que a outra pessoa com quem você está em crise não é o pai ou a mãe do seu filho e devem ser respeitados por você.
- Busquem ajuda especializada quando necessário. Um terapeuta de casal poderá melhorar a capacidade de comunicação e resolução de conflitos. E mesmo quando o casal entender que o casamento acabou, será de uma maneira mais saudável e menos traumática para os filhos.
Dicas fundamentais para garantir um ambiente familiar saudável
Tenha empatia
Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro, de entender que o outro tem sentimentos e passa por momentos difíceis. Isso é especialmente importante para reconciliar uma briga entre casais. Entender que os dois lados têm seus motivos que precisam ser levados em conta é essencial para resolver conflitos.
Coloque o respeito acima de tudo
Muitas vezes, o casal vai discordar, brigar e divergir opiniões e isso é normal nas relações humanas, no entanto, o que não deve acontecer é a falta de respeito. Mesmo que o casal esteja em conflito, é fundamental não deixar que o desrespeito aconteça.
Tenha o hábito de dialogar:
Mantenha um canal aberto para a comunicação, compartilhe as suas alegrias, seus medos, suas insatisfações, converse sobre os acontecimentos do dia e ouça o que o outro tem a dizer.
Seja flexível:
Saiba ponderar as situações, busque compreender as razões que geraram conflito e ajude seu parceiro ou parceira a também compreender você. Conviver bem em família é aceitar os outros como eles são.